terça-feira, 29 de maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

Não sei falar de amor


     Engraçado como certas coisas têm o poder de mudar a nossa vida, quebrar os nossos preconceitos, renovar os nossos pensamentos e no caso do Amor- como todos aqueles que já experimentaram desse sabor agridoce sabem- até os mundos mais inatingíveis são postos de cabeça para baixo. E eu pergunto á vocês, meus caros leitores, que mal há em viver plantando bananeira? Mas se você amigo leitor, já desfrutou desse sabor agridoce ou se ainda o guarda na ponta da língua, haverá de concordar com o que venho propor nesse texto e talvez com o que faltarei a escrever.
     Sei que enrolei muito no primeiro paragrafo, provavelmente voltarei á faze-lo, mas o que quero lhes dizer é que o amor não tem absolutamente nada a ver com os contos de fadas e muito menos com os filmes da Sessão da tarde, mas isso não quer dizer que você deva perder as esperanças e desacreditar que possa ser uma experiência magica, não. A sua historia de amor só não vai depender de personagens da realeza, fadas madrinhas ou esbarrões no corredor da escola. A magia já vai estar no próprio sentir. Pois então deixemos de comparações e vamos aos exemplos!
     Quando se ama, você entende perfeitamente o que é desejar a felicidade do outro e vá por mim, você penhoraria a sua própria vida no antiquário de Deus só para garantir que aquela pessoa seja eternamente feliz mesmo que você não esteja lá para compartilhar as alegrias. O amor vai te fazer querer ter e criar apelidinhos melosos, justamente àqueles que um dia você tanto criticou e vai ver que não importa o quanto a grama do vizinho seja mais verde e macia, pois o seu jardim terá sombra fresquinha e as flores mais lindas e perfumadas de toda a vizinhança. Você vai saber o que é sentir saudades de alguém que ainda nem se ausentou. No abraço desse alguém irá ter certeza que ali é o lugar perfeito para se viver e enquanto estiver dentro dele vai sentir-se capaz de enfrentar terremotos e tsunamis sem medo de desabar ou ser levado pela correnteza. E o mais importante, do lado dessa pessoa você vai encontrar as respostas para todas as suas perguntas e vai entender porque não deu certo das outras vezes, aliás, quando estiver com ele ou com ela, irá esquecer que todos os outros um dia sequer existiram.
     Antes de ir embora, eu lhes dou um ultimo concelho: livre-se de todos esses livros com regrinhas sobre o amor, esqueça todas as instruções que já lhe deram, inclusive esta, porque você não precisa entender o amor e nem aprender como resolve as suas equações, você só tem que deixar que ele te encontre, permitir que ele se aproxime e te faça plantar bananeiras pelo resto de sua vida.

- Caliane Melo.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O criador de sonhos

 

     Ele era o tipo de caso que a ciência jamais conseguiu explicar, o tipo de mistério que gerações futuras tentarão, sem sucesso, desvendar. Era o inexplicável em pessoa, conhecido por todos como louco ou como a experiência mal sucessedida de Deus. O que não era de se estranhar, pois o que o sábio, o ser racional, a criatura mais perfeita de todas não consegue explicar é logo carimbada com o selo da loucura ou jogada nos ombros do Deus que não sabe o que faz.
     Esse tal de louco teve uma infância normal como a de todos os outros garotos. Frequentou a escola até os 17 anos, tentou entrar para o time de futebol do colégio, mas não conseguiu, porque não entendia sobre impedimento e driblar os outros jogadores sem ser derrubado no chão era uma tarefa impossível para ele. Nunca quis ser popular, tirava notas medianas e nunca recebeu um correio elegante de alguém. Depois de terminar os estudos, se alistou nas forças armadas, mas foi dispensado por conta de uma pequena lesão na clavícula deslocada aos 12 anos depois de cair da arvore de laranjeira da casa da avó. Até aí nada de extraordinário. As coisas mudaram quando ele decidiu rasgar o script e abandonar a mascara de “sou um garoto igual aos outros” que lhe foi colocada no dia em que nasceu e resolveu mostrar ao mundo o que guardava na alma.
     Desde criança ele soube que era diferente de tudo que este mundo já viera a ver, e gostava de ser assim. Ele discutia com a Chuva, namorava a Lua enquanto ela o fazia dormir, desafiava o Mar e toda a sua força, ensinava os Pássaros a cantar, contava piadas ao Sol e jurava que o fazia morrer de rir até se pôr, sussurrava poesia aos ouvidos do Vento, desenhava rostos nas nuvens e cantava suas historias nunca vividas às estrelas.
     Não havia uma só pessoa que passava sem ser lida por aqueles olhos ensolarados. Ele era temido por seus próprios medos e abraçado pela sua solidão, mergulhava sem pudor no lago da saudade de lembranças que nunca tivera e voltava com a alma refrescada como quem tivesse acabado de visitar o inferno. Ele não tinha planos para o futuro, não esperava a noite chegar para poder sonhar, passava o dia inteiro criando e recriando os seus próprios sonhos e os realizava quando bem entendia.
     Depois de sair contando a quem quisesse ouvir, que havia conhecido os anjos pessoalmente e que estes vieram pedir que lhes emprestasse suas asas, se tornou motivo de riso e depredações em toda a cidade. Aonde ele passava carregando os seus sonhos nas mãos e nos olhos, o brilho de ter conhecido anjos de perto, o pobre garoto era visto com olhares tortos e recebido com indagações do tipo “Pobre garoto, tão jovem e tão louco”,” É mesmo uma pena! Tinha todo um futuro pela frente...” e um grupo de desalmados gritava em coro” Lá se vai o louco, sem nada na cabeça, para lugar nenhum!”. Mas ele não ligava, na verdade ele nem ao menos os conseguia escutar.
     As pessoas o chamavam de louco e ele apenas sorria, pois sabia que loucos eram todos os outros. Eu, diferente de todas aquelas pessoas, não o julgava dessa maneira. Eu o conhecia como ninguém, eu o entendia, pois um dia, fiz parte de um de seus sonhos. Pois eu fui a sua maior loucura cometida. Assim o observava de longe enquanto este andava sem tirar os olhos das mãos, sussurrando á mim mesma “Lá se vai o sonhador, com o universo na cabeça, seguindo o caminho dos céus, que é pra onde tem que ir”.

 - Caliane Melo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Seja do jeito que for e se for, me leva.

                                                           Dezessete de janeiro de 1896.   

      Juro que não queria que fosse embora, meu amor. Que fostes embora do meu colo, que foste pra longe de mim, pra longe de nós. Leve-me contigo! Eu não sou tão trabalhosa quanto dizem por aí, não ocupo muito espaço e não custo quase nada. Na verdade eu saio bem em conta. Poderia ir toda a viagem em silencio no meu cantinho que poderia ser dentro de uma caixinha de fosforo, entre as suas camisas na mala ou no seu abraço. E se me permites dizer, no seu abraço seria o lugar perfeito. Leve-me e eu te ajudarei a realizar os teus sonhos que o levam a ir embora daqui e ficarei feliz com isso, já que não abriria mão dos meus, pois todos estes se resumem em ti. E mesmo que ainda assim, queiras ir só, nada tenho a fazer, a não ser te pedir que volte logo, um logo bem curto e que quando voltares não se vá outra vez, se possível querido, volte e fique para sempre. Ora pois, eu ainda acredito que o “para sempre” ainda existe, e se a caso não existir, nós o reinventaremos.
     Não pedirei que prometas voltar. Quero que voltes por querer, por amar. Não deixes que eu me acostume com a tua ausência. Não me faças viver sem os teus olhos sobre os meus, teu abraço no meu abraço. Não deixes que eu apenas exista, volte para sermos vida juntos.
      Lembre-se meu bem, “eu” é só um pronome, “você” é apenas uma palavra, mas “nós” é poesia, a mais linda e a mais completa de todas.
      Um beijo de sua Dama de Copas. 

      - Caliane Melo.