segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O que era, o que foi e o que será?

      
     Se te perguntassem qual foi a melhor fase da sua vida o que responderia? Huum eu sei, minha resposta foi a mesma: a doce fase em que os dias passam depressa e tudo virava motivo pra brincadeiras. As coisas eram  tão fáceis e divertidas que ninguém nunca parava para pensar o que seria de nós quando tudo aquilo acabasse. Nós só queríamos ser felizes com os nossos lápis de cores, tamagotchis e os luxuosos relógios desenhado a caneta. E quem nunca jogou bete ou bandeirinha que atire a primeira pedra! Ops, brincadeirinha, não atire não, me dói os ossos só de lembrar  em se machucar e ver sua mãe te caçando com o Merthiolate na mão... Voltando ao assunto, ser criança era a melhor coisa que se tinha pra fazer, e ainda é. Quem disse que não? Não existe nada de errado em ser feliz como eramos à dez, vinte ou trinta anos atrás. O mundo continua o mesmo, pode acreditar. Você não precisa ter 1,20m para acordar às 7h da manhã num domingo pra assistir desenho animado e nem estar na 1° série para receber um cafuné quentinho da mamãe.
       A gente cresce, envelhece e isso não precisa ser uma coisa ruim, ruim mesmo é fingir que nunca foi criança, que nunca foi um dos Power Ranger ou que nunca quis éstar no programa da Xuxa. Além do mais junto com o tempo vêm coisas incríveis, como a saudade que temos daquele tempo. Tenho certeza que você relembra a sua infância com um sorriso no rosto.Não é? Por falar nisso não faço ideia de qual foi a última vez que brinquei de pic- esconde , amarelinha ou da última colher de bolo que lambi, mas felizmente  ainda lembro das cores, dos cheiros e da sensação mágica de dormir no sofá e acordar na minha cama. Essas sensações meus caros, eu só poderia sentir estando bem aqui onde estou, no futuro que tanto me falavam. Crescer foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido, porque agora posso finalmente ser quem eu sempre desejei ser quando estava lá.
        Antes de ir comemorar o meu dia deixo a vocês um conselho: De vez em quanto deixe essa pessoinha aí dentro tomar algumas decisões, você vai ver que as coisas serão bem mais divertidas e a sua vida bem mais leve e lembre-se, seja qual for a sua idade o melhor ainda está por vir.

                                                                                                                                      - Caliane Melo

domingo, 19 de maio de 2013

O meu Bem


   
     Sabe, é bem verdade o que dizem por aí, que um grande amor muda a nossa vida. As vezes não é aquela mudança grandiosa que até quem está a 200km consegue enxergar, talvez sejam pequenas mudanças que só você é capaz de perceber. Mas isso é o que menos importa, o que vale mesmo é sentir-se feliz com elas e ver o quanto elas nos acrescentam. Por falar em acrescentar, é isso o que você tem feito na minha vida. Você me faz querer ser melhor e a melhor em tudo o que eu faço. Me faz dar bom dia para as pessoas que eu nem conheço, querer acordar cedinho pra estudar e passar a viagem toda pensando em como eu quero passar a vida inteira ao seu lado. Você me faz querer ouvir bossa nova num final de domingo, me faz querer aprender a lingua dos passaros pra te cantar sempre que for te abraçar. Faz eu querer sair por aí contigo sem rumo e comer algo sem cardápio. Me faz querer estudar pra prova e aprender calculo pra te ajudar nas suas. Me faz querer pegar engarrafamento só pra ter mais tempo pra gente conversar besteiras. Você me faz querer mais da vida.
     Chega a ser engraçado, porque mesmo depois de tanto tempo, você ainda me faz sentir  frio na barriga minutos antes de te ver ou  ao pensar em te encontrar. Me faz dar valor a cada sms sua e acreditar que tudo vai dar certo, que nós sempre vamos dar um jeito nas coisas que parecem ameaçar a nossa felicidade. E sempre damos, não é? Você me faz ver que nem tudo precisa ter sentido, que nem tudo tem resposta e que perguntas nunca são de mais. Você me faz sentir saudades de você e do nosso futuro, me faz ter fé no presente e esperança no meu passado. Me faz desejar morar numa casinha com cercas brancas e rede no quintal. Me faz gostar dos seus defeitos e tentar te desvendar todos os dias. Faz com que eu queira me desfazer de todos os relogios, sumir com todos os calendarios e dar fim nos meus medos. Me faz arranjar sempre uma novidade pra compartilhar, uma historia pra te contar, algo novo pra te ensinar, um texto pra te dedicar e um motivo pra sorrir. Você me faz querer ser amiga do Sol, prima distante de Saturno e confidente da Lua. Faz eu querer o mundo e até mesmo as estrelas mais pequenas. Você me faz feliz, me faz bem. Você me faz existir nesse mundo.
- Caliane Melo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013

A minha segunda pele, o meu cobertor de lã.



É que toda célula minha sente a necessidade de cuidar das suas.
Cada átomo meu precisa se unir aos seus.
Cada batimento cardíaco quer entrar no ritmo dos seus.
Cada pixel meu quer beijar cada pixel teu.
Cada movimento meu é cuidadosamente calculado para atingir os teus reflexos.
Cada palavra minha quer ser lida por seus olhos (de planeta).
E cada ml do meu amor quer ser diluído pelo seu beijo.
Sem economia e sem moderação. Amor trasbordado não mata e nem traz prejuízo.
-Caliane Melo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O tempo está no pensamento


     O ônibus estava lotado como sempre, por sorte eu havia conseguido um lugar para sentar. Do meu lado um senhor de cabelos rasos e que respirava demasiadamente acelerado, talvez por conta do excesso de peso ou pelo habito de fumar- como logo notei pelos lábios arroxeados – ou quem dirá, pelas duas coisas. A respiração ofegante dele me agoniava, me desconcentrava. Parecia que o ar que eu respirava estava sendo roubado dele. Fechei o livro que lia e decidir focar a atenção em outra coisa e foi aí que eu comecei a observar as pessoas que lotavam aquela embarcação do asfalto.
     Mulheres traídas, homens humilhados, idosos abandonados pela família e pelo tempo. Todos estavam no mesmo barco, ou melhor, no mesmo ônibus e nenhum deles se preocupava com quem eram os seus companheiros de viagem, cada uma com os seus problemas, cada um com os seus fantasmas. As pessoas parecem tão infelizes, como se levantar cedo fosse o pior castigo que pudesse receber por todos os pecados cometidos. Mas não é. O verdadeiro castigo era pensar dessa forma. Viver ainda é um privilégio.
     Vai ver que é por isso que quando entra alguém sorrindo e conversando, todos o olham com desdém. É, talvez ser feliz hoje em dia deva ser alguma anomalia genética- pensei eu com os meus botões. Pessoas fingem não conhecer as outras só para não ter que sorrir e mentir como sua vida é interessante, seus filhos são promissores e seu casamento é um conto de fadas.
      Eu não sei por que continuei tentando desvendar a vida de criaturas tão secas quanto as folhas no outono, se no meu colo repousava historias muito mais encantadoras e entusiasmantes. Talvez no fundo eu precisasse de uma dose generosa de realidade pra não cair na armadilha de pregos de vidro da ilusão. Mantive então o livro fechado, encostei a cabeça na janela e fechei os olhos, passei a prestar atenção nos ruídos. Além do barulho engasgado do motor havia pessoas que conversavam sobre o reality show, faziam planos com o dinheiro que ganhariam na Mega sena, sem nem ao menos ter coragem de jogar. Duas moças falavam sobre seus respectivos namorados virtuais e outras lá atrás pareciam disputar quem ouvia a musica mais irritante. Quando abri os olhos já estava chegando ao meu destino e foi aí que eu vi a única coisa que me fez reacender a faísca de esperança na humanidade: uma criança brincava com os cabelos da mãe enquanto ela lhe ensinava a ver as horas no relógio de pulso. Tinha mais amor entre eles do que quilômetros rodados naquele ônibus.
      E foi assim que eu desci, com um pouco de fé na vida e deixando ar suficiente para o senhorzinho dos lábios mortos respirar.
      Moral da historia: Não tem moral. Só dá pra perceber que todos nós precisamos de algo nessa vida. Algumas pessoas precisam de mais ar pra respirar, outras de mais mentiras pra contar e outras precisam apenas de fones de ouvido. A criança precisava aprender o que os ponteiros queriam dizer e eu só preciso que alguém me ensine a esquecer isso.
- Caliane Melo.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Te adorando pelo avesso



     Se me perguntassem o porquê de gostar tanto de você, eu poderia passar horas a fio descrevendo essa tua habilidade de ser tudo e todos ao mesmo tempo. Se me perguntassem o que me fez apaixonar e continuar, encantada, viciada em você eu poderia dizer que o segredo está nos teus olhos de outono que me hipnotizam, no teu cheiro de inverno que refresca minha alma, culpa desse teu sorriso de primavera que me embriaga e faz com que eu perca todos os sentidos e que a culpa é desse teu jeitão de verão que não tem descrição. Sem falar que você tem todas as 36 cores do Faber Castell que eu sempre sonhei em ter quando era criança e que teu beijo tem gosto de todos os sabores de sorvete que eu mais gosto.
       Além do mais, és chuva de noitinha pra embalar o meu sono, é sol de manhãzinha que entra pela janela pra me despertar e mostrar que o verdadeiro sonho está lá fora junto com você. És prosa, poesia, narrativa e poeminha de escola daqueles mais tímidos e singelos. És causador da minha insônia, és protagonista dos meus sonhos. És herói, vilão e figurante das historias que conto por aí. És quem dá corda as minhas loucuras diárias e quem me encoraja a ser feliz acima de tudo. Por falar em felicidade, tu és o meu melhor fabricante de sorrisos, os mais sinceros, os mais bonitos.
    Mas como eu odeio dar explicações sobre tudo o que eu sinto e penso, se alguém me fizesse alguma dessas perguntas eu sorriria e faria minhas as palavras de Florbela Espanca:
- “Porque ele é como Deus, principio e fim.”.
- Caliane Melo

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Love me tender, love me sweet. Never let me go.


    
      A casa continuava do mesmo jeito que ela havia deixado algumas roupas estendidas no varal, a vassoura encostada ao lado da porta dos fundos e um bilhete em cima da cama: “Bom dia Amor! Espero que tenha dormido bem. Não se esqueça de que estarei de volta na quinta que vem de tardezinha, mas se eu demorar a chegar põe o arroz pra esquentar e coloca o lixo lá fora que o caminhão vai passar antes do anoitecer. Beijos te amo aqui e em qualquer lugar do mundo.”.
    Pedro chegou em casa mais tarde do que planejara, era quarta feira e ele perdeu o jogo do Santos x Portuguesa, não era um jogo muito importante, mas ele queria ver como seu time se sairia com a sua mais nova contratação. Nesse momento nada disso importava. Ele estava sozinho e não tinha ninguém pra lhe fazer um cafuné depois do jantar, por falar em jantar, isso também não lhe importava mais. O telefone não parava de tocar, sem duvidas eram familiares querendo dizer que sentiam muito e que estavam ali para o que precisasse. Ele não atendeu nenhuma das ligações. Permanecia sentado no chão em frente à TV, descalço e com o bilhete nas mãos assistindo ao canal fora do ar. Parecia uma estatua, não chorava, não piscava, não amaldiçoava a Deus, e parecia não respirar.
     Nem o senhorzinho que assoviava um bolero no apartamento ao lado nem a vizinha da frente, Dona Jasmira que fazia os melhores pães de queijo do planeta – como costumava dizer a dona do bilhete, não sabiam que o rapaz bonito do numero 26 acabara de perder a esposa. Helena era uma moça jovem e sorridente, adorava coisas alaranjadas e tinha os cabelos da mesma cor enfeitados por uma presilha de flor. Ela adora Elvis e consequentemente fazia com que todos os seus vizinhos começassem a gostar desse ritmo empolgante da década de 60. O casal mais parecia melhores amigos do colegial, ninguém nunca os ouviu brigar, estavam sempre juntos e com aquele ar de cumplicidade. Agora Pedro não tinha mais cúmplice, nem álibi, estava só, como sempre temera estar.
     Pedro reparava na xícara de café borrada pelo batom rosa bordô que ela na pressa de chegar ao aeroporto esquecera-se de colocar na pia. Ela sempre quis viajar para Amsterdam e recebera uma ótima oportunidade devido ao seu trabalho. Pedro não poderia acompanha-la, mas topou espera-la em casa, afinal eram apenas nove dias e pelo menos não era tão distante quanto o Japão. Ela estava tão animada que quem estivesse perto dela era contagiada pela mesma emoção. Pelo menos umas 12 pessoas começaram a sonhar em conhecer Amsterdam também. Ele estava feliz por ela, feliz de verdade, mas algo o fazia sentir medo, ele temia tudo que pudesse tirar Helena do seu lado, mas não queria estragar a felicidade dela com bobagens.
     Na noite anterior, eles conversaram sobre a viagem:
- Mas você não vai demorar, né?
- Claro que não querido, são apenas nove dias. Vai passar rapinho, você vai ver!
- E se você achar que lá é o seu lugar?
- Meu bem, meu lugar é aonde você pisa.
 Beijou-lhe o rosto.
 Não importava o que ela dizia nada parecia desatar o nó que apertava na garganta de Pedro. Ele ficou quieto.
- Ei seu bobo, eu prometo que volto e não me demoro. E ai de você se não me esperar com um abraço bem apertado...
- Ai de mim se você não voltar!
 Ele falou para dentro, mas ela pode ouvir e dando-lhe mais um beijo disse:
- Ai de nós.
     Ai deles, ela não voltou. Na verdade ela nem chegou ao aeroporto. Talvez se ela não tivesse com tanta pressa, talvez se ela tivesse terminado de tomar seu café, talvez se o outro motorista não estivesse bêbado ela estaria a caminho da cidade dos seus sonhos pensando no homem da sua vida que já estava contando os minutos pra guardar no baú de seus braços o seu maior tesouro.
     Nessa altura Helena estaria lhe enviando um sms com algum trecho das musicas do Elvis e o faria ter vontade de ligar o som e tirar o pó dos moveis. Mas não, agora ela estava numa mesa gelada, com pessoas desconhecidas descobrindo seu corpo e fazendo anotações. Mas Pedro acreditava que ela em fim encontrara a Amsterdam que sempre sonhou, mas lá nunca seria o seu lugar, Pedro não poderia pisar lá, não ainda.
      Mas a vida continua, não é verdade? Fácil pra quem diz! Pedro ainda tinha coisas do que fazer, sonhos pra realizar e sabia muito bem disso, mas sem ela... Aah! Sem ela nada faria mais sentido! O café o perderia o gosto, a vitória dos Santos não teria tanta gloria, a vassoura perderia a função de microfone/ guitarra e o prendedor em forma de flor nunca mais sentiria a macies dos cabelos ruivos dela. Nada mais seria como antes, principalmente Pedro. Mas ainda tinha algo que ele teria que fazer: colocar o arroz pra esquentar.
     Take me to your heart. For it's there that i belong, and we'll never part. ♪♫
- Caliane Melo.