quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

" Pois agora lá fora, o mundo todo é uma ilha "

     Mas essa vida é uma caixinha de surpresas mesmo, hein! Quando criança, eu contava os dias para me tornar “gente grande” e ter liberdade e agora cá estou eu tentando de tudo, fonte dos desejos, gênio da lampada, porções magicas e até uma audiência com o Sr. Tempo, só para poder voltar aquele mundo onde a verdadeira liberdade residia. Agora as coisas, as pessoas e o mundo são tão diferentes. Ou talvez a única coisa que tenha mudado nessa historia foi eu.
     Quando a gente é criança, a felicidade parece ser tão nossa amiga, parece que ela vem junto com os chicletes em forma de tatuagem e quando ela se apaga é só comprar outro que fica tudo bem. Parece que o nosso mundo é sempre colorido, todo pintado com tinta a prova d’agua. Parece que todos os dias são ensolarado e tudo tem cheiro e sabor de Tutti Frutti – quer dizer, nem tudo, os remédios são amargos em qualquer mundo -. Mas agora, no degrau onde eu estou, a felicidade não passa de uma lenda, o mundo é todo em preto e branco e quando chove tudo fica borrado, os dias são sempre nublados e as pessoas andam sempre em linha reta, como robôs programados a seguir em frente sem desviar do caminho e sem direito a fazer perguntas.
     Crescer foi mais difícil que eu pensava. Mas por que será que dói tanto fazer essa transição de mundos? Acho que quando nós deixamos de ser crianças, perdemos todos os nossos super poderes, nossa varinha de condão e a nossa imaginação é reduzida a menos que a metade. Na verdade, eu acho que desde que nascemos até o dia em que passamos para a próxima fase da vida, as penas de nossas asas são arrancadas uma a uma, nos deixando incapazes de voar e com o passar dos anos os músculos dessas asas se atrofiam. Por isso dói, por isso que vai doer para sempre.
     Hoje eu me encontro tentando desviar desse caminho, que ninguém sabe aonde vai dar, recolhendo do chão pena por pena das minhas asas. Mas o que acontece depois de reunir todas elas? Eu não faço a minima ideia, mas vou continuar procurando e guardando-as nos bolsos, até o dia em que eu descubra como devolver a vida ás minhas asas, e voar rumo á felicidade perdida.

- Caliane Melo.

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